terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Motorista acusado de matar músico diz que não passou no sinal vermelho

Natália de Oliveira
Do G1 Sorocaba e Jundiaí

Vítima tinha 21 anos e morreu em novembro de 2013.
Reportagem do G1 acompanha julgamento no Fórum de Sorocaba.

Familiares e amigos protestam por justiça em julgamento (Foto: Natália de Oliveira/G1)

Começou por volta das 10h, no Fórum de Sorocaba (SP), o júri popular do motorista que provocou o acidente que matou o músico Fausto Pará Filho, em novembro de 2013. A reportagem do G1 acompanha o julgamento.

A audiência era para ter sido realizada em novembro do ano passado, mas a defesa de Romualdo Fernando Siqueira Spinoza apresentou um atestado médico alegando que o réu estava com conjuntive e não poderia comparecer. 

Cinco mulheres e dois homens formaram o júri presidido pelo juiz Emerson Tadeu Pires de Camargo. A primeira testemunha a se pronunciar foi um policial que fez a perseguição de Romualdo e testemunhou o acidente. A segunda testemunha que falou também foi um PM. Já a terceira foi um amigo de Fausto que estava atrás do carro do músico na hora do acidente.

O jovem, que chorou durante a oitiva, disse que a cena foi chocante, pois o veículo de Romualdo bateu no de Fausto, que chegou a "voar" por alguns metros. Ele disse ainda que chegou a questionar o motorista após a batida, mas parecia que ele estava "fora de si".

A mãe de Fausto, Marta Pará, entrou na audiência por volta de 10h50. Segundo o marido e pai da vítima, ela está na fila de espera por um transplante de fígado. "A doença foi desencadeada até por conta de toda essa tragédia. Ela sempre acompanhou tudo, mas hoje está muito debilitada e está na expectativa pelo resultado em casa", diz Fausto.


O testemunho do acusado começou às 11h40. Ele descreveu a sequência de eventos que culminaram no acidente e na morte do músico. "Eu fui abastecer o carro no posto em Votorantim e notei que estava sem dinheiro, me desesperei e fugi. Minha intenção era ir pra casa e pegar o dinheiro. Mas vi o carro da polícia me perseguindo, me desesperei porque também estava sem o documento [...] e fugi. Eu estava descendo a avenida e vi um carro passando no sinal vermelho, e daí não consegui parar e bati no segundo carro que passava. Eu não passei no sinal vermelho, eu estava seguindo o fluxo. Quando eu vi o carro do Fausto eu tentei frear, mas estava bem em cima e não deu tempo", afirmou.


O acusado disse, ainda, que não pegou o carro do patrão sem autorização. Segundo o réu, ele tinha comprado o veículo, uma Mercedes Benz blindada, por R$ 8 mil dividido em oito parcelas.

Após o depoimento dele a sessão foi suspensa e retomada às 13h40. O primeiro a falar foi o promotor de Justiça Marcos Fábio de Campos Pinheiro. "Esse réu não foi processado porque estava bêbado, porque usava cocaína, ele foi processado porque, de forma consciente, assumiu o risco, aceitou a morte da vítima. A partir do momento em que você, estando no domínio dos seus atos, prevê que pode matar uma pessoa, você assume o risco de matar e é culpado por isso", alegou.

Romualdo já esteve preso por um ano e nove meses e hoje responde ao processo por homicídio simples em liberdade.

Homicídio simples
Romualdo será julgado por homicídio simples, com pena prevista na lei de 6 a 12 anos de detenção em regime fechado. De acordo com o advogado da família da vítima, Claudinei Fernando Machado, a sessão tem "grandes possibilidades de se estender ao decorrer de todo o dia até a madrugada".

O advogado ainda explica que somente dois resultados são possíveis na audiência: ou Romualdo é condenado por homicídio simples ou absolvido, já que a Justiça retirou outras qualificações do crime.

'Destruiu uma família'
A família de Fausto Pará Filho espera que o réu seja efetivamente condenado pelo crime. "Na visão da acusação está claro que o Romualdo fugia da polícia no momento do acidente por conta da prática de um crime, pelo qual ele podia ser preso. Assim, ele assumiu o risco de produzir o resultado. Ele tirou a vida de um jovem e praticamente destruiu uma família, que tem convicção que existem elementos suficientes que apontam a condenação", frisa Claudinei Fernando Machado. O G1 não conseguiu contato com a defesa do réu. 

Questionado sobre a possibilidade de uma possível absolvição do réu, Fausto Pará, que novamente compareceu ao Fórum para acompanhar o julgamento, garante não acreditar que isso possa acontecer. "Não quero nem pensar nisso. A minha família já foi condenada, por que ele não seria? Não consigo imaginar essa possibilidade. Estamos confiantes na condenação máxima dele."

"Nós esperamos que hoje a justiça seja finalmente feita. Afinal, ele estava a 135 km/h, ultrapassou vários semáforos e bateu no carro do meu filho. Ele não teve chance de se defender. Temos provas conclusivas de ele assumiu o risco. Isso não devolve para nós o Fausto, mãe dai vamos ver um pouco de justiça. A pena mesmo para homicídio simples é pouca diante do que ele fez", ressalta o pai do músico. 

Entenda o caso
Segundo a polícia, Romualdo usava o carro do patrão, sem autorização, e fugia da polícia quando avançou por três sinais vermelhos e bateu no carro de Fausto Pará Filho, em um cruzamento da avenida Antônio Carlos Cômitre, no bairro Campolim.

A vítima chegou a ser socorrida com vida, mas morreu a caminho do hospital na madrugada de 2 de novembro de 2013, em Sorocaba. Romualdo também estaria em alta velocidade, segundo os laudos policiais.

Romualdo é julgado por ter causado a morte do músico Fausto Pará, em Sorocaba (Foto: G1)



Pai estava novamente na frente do Fórum para
aguardar júri (Foto: Natália de Oliveira/G1)

Músico Fausto Pará morreu em acidente de carro em 2013 (Foto: Reprodução/Facebook)

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