quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Cultura de Votorantim terá lei de fomento como meta

Jornal Cruzeiro do Sul
Felipe Shikama

O futuro secretário admite que o primeiro ano de gestão será de contenção de gastos - PEDRO NEGRÃO

Ampliação do diálogo com a sociedade civil, criação de uma lei de fomento a projetos culturais nos moldes da Lei de Incentivo à Cultura de Sorocaba (Linc) e "protagonismo" na Festa Junina são os principais focos da gestão de Edson Cortez, nomeado pelo prefeito eleito de Votorantim Fernando Oliveira (DEM) para assumir a Secretaria de Cultura, Turismo e Lazer (Sectur) a partir de 2017.

Professor universitário e cientista social, Edson Cortez sucederá o atual secretário Marcelo Domingues, assumindo o compromisso de manter as principais ações culturais da cidade, como a Escola Municipal de Música Maestro Nilson Lombardi e o Festival Nacional de Cinema de Votorantim (Cinefest).

Segundo ele, o Carnaval de Rua de Votorantim de 2017 foi o principal assunto tratado na primeira reunião de transição da Pasta e sua realização, no mesmo moldes dos últimos anos, está garantida. As inscrições para novas turmas da Escola de Música, por sua vez, deverão ser abertas em março.

Em entrevista concedida na tarde da última segunda-feira (5), Edson Cortez falou dos desafios que terá à frente da pasta, das prioridades para a área na gestão do prefeito Fernando Oliveira e da surpresa como recebeu o convite para assumir a secretaria já que, segundo ele, nunca participou de campanha política e jamais foi filiado a qualquer partido. "Foi um convite extremamente técnico porque eu tenho uma boa formação acadêmica", comentou.

Dizendo estar empolgado e ansioso para a cerimônia de posse em 1º de janeiro, Cortez se mostra cauteloso em revelar as principais ações que pretende desenvolver à frente da Sectur e pondera que suas declarações, por enquanto, são válidas na condição de "cidadão e não como secretário".

Usando frases como "fazer muito com pouco", "pensar global e agir local" e "continuativas são até mais importantes do que iniciativas", o futuro secretário admite que o primeiro ano da gestão será marcado pela contenção de despesas e organização das contas públicas. "Nesse primeiro ano é bom que não criemos grandes expectativas em relação a ampliações das ações, mas vamos manter o que já temos", declarou.

Diante da previsão orçamentária da pasta de R$ 3,1 milhões para 2017 -- sendo metade comprometida com a folha de pagamento e mais 25% empenhada no custeio geral --, Edson Cortez ainda considera a "capacidade de investimento restrita" e antecipa que a implantação de novas ações depende da melhora da arrecadação geral do município. "A gente pode ter crescimento e fazer política cultural mais ofensiva, mas pode cair e a gente ter que fazer contenções. Acima de tudo, o que não vou deixar é a cidade com dívidas, deficitária ou com pessoas sem receber. Os compromissos que nós firmarmos, nós vamos cumprir com austeridade fiscal", disse.

Valorização da arte local

Defendendo as "continuativas" da política cultural de Votorantim, que, segundo ele, começou a ser fortalecida há quase duas décadas e é fruto da contribuição de diferentes governos municipais, Edson Cortez destaca que a prioridade de 2017 será a ampliação do processo de diálogo com a classe artística e a população em geral. "Não teremos uma secretaria personalista. Quero ter um diálogo com a classe artística e a comunidade, mas de maneira institucionalizada. Não só o diálogo de balcão, mas um diálogo via conselho, por meio de editais, para propiciar uma interlocução transparente e independente de posicionamentos políticos", disse.

Como exemplo desse "diálogo institucional", ele citou os chamamentos de artistas e produtores culturais por meio de uma lei de fomento de projetos, nos moldes da Linc de Sorocaba. "É um princípio que eu defendo nesse momento, mas só estarei apto a falar depois de assumir [a secretaria]", esquivou-se, evitando dar mais detalhes da iniciativa, como o prazo de implantação, verba disponível e forma de recrutamento e remuneração dos avaliadores.

Sobre o Cinefest Votorantim, evento de projeção nacional que teve sua realização ameaçada em 2015 por falta de recursos orçamentários da Prefeitura (a edição comemorativa de 10 anos ocorreu no início deste ano, com recursos de prêmio da Secretaria de Estado da Cultura), Cortez garante que o festival será uma das prioridades da Sectur, "porque é uma joia da cultura de Votorantim e da região, e o principal espaço de fruição e exibição da produção regional".

O futuro secretário também adianta que tem planos de firmar parcerias com faculdades e universidades e investir em atividades de capacitação de artistas e produtores culturais de Votorantim, para que estes consigam viabilizar projetos de captação de recursos estaduais e federais.

Já em relação à Festa Junina Beneficente, Cortez antecipa que a Sectur deverá desempenhar um papel de "protagonista", com intuito de "conjugar" a programação de atrações de destaque nacional com artistas da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). "Eu entendo que o mercado tem muita proteção para si próprio e o mainstream já sabe gerenciar isso muito bem sozinho, então o poder público tem que cuidar de quem mais precisa e dar acesso a quem mais precisa. Esse princípio eu pretendo nortear para todas as ações da secretaria", concluiu



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