sexta-feira, 1 de julho de 2016

Dudu relata paz com sua mulher, com Cuca e controla "cabeça quente"

José Edgar de Matos
Do UOL, em São Paulo

Esqueça o passado turbulento, as confusões e polêmicas. Eduardo Pereira Rodrigues, o Dudu, tornou-se avesso aos problemas. Aos 24 anos, o meia-atacante  que é um dos atletas mais valorizados no mercado brasileiro, vive uma nova fase nos gramados, fora dele e em casa.

Contratado em 2015 pelo Palmeiras, que depositou a bagatela de R$ 19 milhões na conta do Dínamo de Kiev-UCR, Dudu se tornou imediatamente uma referência técnica na Academia de Futebol. Ao mesmo tempo, o alto custo resultou em uma pressão enorme sobre os ombros do ainda jovem camisa 7.

Em pouco mais de um ano e meio de Palmeiras, acumulou polêmicas, vitórias e virou ídolo. A torcida possui até um grito especial para o meia-atacante (Dudu, guerreiro! Dudu, guerreiro!), que se destacou na goleada por 4 a 0 sobre o Figueirense, na última quinta, no Allianz Parque.

Nesta entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Dudu falou do atual momento vivido no líder Palmeiras, do amadurecimento e até sobre o caso polêmico ocorrido em janeiro de 2013, quando passou algumas horas na cadeia por se envolver em um processo por lesão corporal contra a esposa e a sogra.

Hoje, fotos nas redes sociais com mulher Malu e a presença dos filhos em todas as partidas no Allianz Parque representam a superação dos problemas, segundo o jogador. Com menos de meio século de vida, Dudu precisou assumir um papel de líder em casa, no campo e no dia a dia de um clube com mais de 16 milhões de torcedores.

Confira a baixo o papo exclusivo com Dudu:

Palmeiras mostrou uma regularidade para brigar lá em cima. Qual a diferença para esse time estar neste ponto ?

Ano passado a gente estava neste ritmo para a gente brigar pelos títulos. Conseguimos chegar na final do Paulista, ganhamos a Copa do Brasil, mas não conseguimos a regularidade para brigar lá em cima no Brasileiro. Às vezes a gente ganhava dos times que brigavam pelo título e perdíamos para os times pequenos em casa e que estavam lá embaixo na tabela. Agora são sete vitórias em casa, a equipe está muito bem trabalhada pelo Cuca desde que ele chegou. Ele impôs o ritmo dele de trabalho, de jogo, e a equipe tem correspondido bem ao que ele pede.

Quais as principais diferenças que você enxerga no atual trabalho do Cuca para o anterior, do Marcelo Oliveira?

Não sei falar não (risos). Gostava muito do trabalho do Marcelo, é um excelente treinador. Lá no atlético-mg vai vir forte para brigar pelo título. Já tinha trabalhado com o Cuca no Cruzeiro, ele trabalha muito forte o treinamento dele. Os treinos são muito fortes, muito corridos, treina às vezes em um tempo curto, mas muito intenso. A equipe tem feito isso nos jogos, pelo menos dentro de casa a gente tem imprimido um ritmo bem forte sobre os adversários e feito os gols no primeiro tempo.

Treinos intensos com Cuca. Com o Marcelo era diferente?

Marcelo era intenso também, forte, é um grande treinador, mas as coisas com ele não encaixaram, não deu liga o trabalho dele. Aqui no Brasil quando não dá essa liga, eles mudam treinador. Marcelo é um grande treinador, gosto muito dele e da comissão toda, que me ajudaram muito aqui. Já agradeci muito a ele pelo tempo que trabalhamos juntos. Agora esperamos continuar com esse trabalho bem feito do Cuca.

Em menos de um mês haverá o reencontro com Marcelo. O grupo já tem falado sobre este assunto?

A gente está pensando jogo a jogo. Preferia ter pegado o Atlético-MG antes, quando não estavam muito bem. É um time muito forte e com certeza vai brigar lá em cima. Dará um jogo muito bonito.

Foram dois mal entendidos com Cuca. Uma vez no jogo com Red Bull e contra o São Paulo. Como resolveram essa situação?

Foi um mal entendido. Cuca me conhecia desde a base do Cruzeiro, foi um dos responsáveis por me lançar. Tudo não passou de mal entendido, estou feliz com ele, tenho certeza que ele também está feliz comigo.

Chegaram a conversar particularmente?

A gente conversou, mas foi rápido. Ele sabe que eu gosto dele e sei que ele gosta de mim, nem tinha muito o que falar. Só porque foi depois de jogo, cabeça quente, às vezes a gente fala coisas que não deve falar, da minha parte. Da minha parte, nos acertamos bem. Ele me conhece bem desde a época do Cruzeiro, como o Cuquinha, o Eudes, são pessoas boas e grandes profissionais.

Você chegou ano passado com status, teve o chapéu nos rivais e em pouco tempo o carinho do torcedor. Você se sente um líder deste elenco mesmo aos 24 anos de idade?

Temos vários líderes no elenco do Palmeiras. Cada um tem a sua responsabilidade dentro de campo, acho que estou bem adaptado aqui ao clube, aos meus companheiros, ao pessoal que trabalha aqui. Espero continuar muito tempo e bem.

Cuca colocou um ataque veloz com Róger Guedes e Gabriel Jesus ao seu lado. Você prefere jogar com companheiros de velocidade?

Quando o time está bem, agrada sim. Gabriel joga pelos lados como centralizado. Jogo passado ele começou pelos lados, eu e o Cleiton começamos centralizados. O elenco dá a oportunidade para jogar de um jeito um jogo, o outro jogo de outro. Temos que continuar firmes para irmos em busca do título.

Você é um cara que gosta de ir além do futebol, gosta de 'esquentar' o clima muitas vezes. Dia 12 tem o reencontro com o Santos, do Lucas Lima, que constantemente provoca o Palmeiras. Como você encara essas mensagens dele?

A gente nem liga. Nem estamos preocupados com o Santos, temos Sport pela frente ainda. Quando tiver que jogar, a gente se preocupa com eles.

Particularmente te incomoda?

Particularmente eu nem ligo para isso, as pessoas falam o que quer, postam o que quer. Nem quero ligar para isso não. 

Mattos fez lobby para você ir à seleção. Na tua avaliação, acredita que está no nível para ser convocado?

Não penso nisso. Tenho a cabeça só no Palmeiras, nem paro para pensar em seleção. Só pensar em ajudar, quem sabe um dia se a gente estiver bem, o ataque estiver bem, para voltar

O nome do Tite te agradou?

Tite é um grande treinador. Vai fazer um bom trabalho, desejamos sorte e que Deus o abençoe.

Vamos falar sobre questões pessoais. O árbitro Guilherme Ceretta de Lima, pivô da tua suspensão no ano passado, te processou. A juízaGraziela Gomes dos Santos Biazzim, da 2ª Vara Cível de Votorantim, te condenou a pagar R$ 25 mil. Como se encontra essa questão? Ficou mágoa?

Nem sei. Meus advogados tomam conta. Não tenho mágoa de ninguém, se ele fez aquilo foi porque achava que devia fazer, teve os motivos dele, sei lá. A gente espera que os advogados resolvam isso da melhor maneira. Onde ele estiver, eu quero desejar sorte para ele.

Já em 2013, em Goiânia, teve outro caso envolvendo o seu nome e a justiça. Você permaneceu algumas horas detido sob a acusação de agredir a sua esposa. Na época, você retratou o caso como um mal-entendido. Hoje,você olha para o passado com arrependimento deste caso?

As coisas que você faz que não são legais, todo mundo se arrepende. Isso ficou no passado, ficou tudo no 'mal entendido' mesmo. Hoje estou feliz com a minha esposa, bem com os meus filhos e isso é o que importa para mim.

Reparamos que você sempre leva os filhos ao Allianz Parque. Viraram palmeirenses?

Opa! São palmeirenses desde o primeiro dia que cheguei aqui no Palmeiras. Eles gostam de ir aos jogos, vão continuar indo muito tempo.

Em uma cidade como São Paulo, o que você gosta de fazer nas horas vagas?

Sempre quando tem filme de criança, a gente vai ao cinema. Agorinha mesmo estou indo ao cinema (entrevista foi na quinta-feira (23), dia no início da noite) para ver o filme do José Aldo, que é meu amigo, cara bacana. É mais isso mesmo. Gosto de ir aos parques daqui com meus filhos também.

Sobre família, você sempre gosta de falar da importância da sua vó...

Minha mãe foi a minha vó, quem sempre cuidou de mim, quem sempre me deu a educação certa, deu a direção para eu estar aqui hoje. Falo todos os dias com ela pelo telefone, ela fica feliz de me ver pela televisão. Tenho muito a agradecer a ela. Na final do Campeonato Paulista do ano passado, quando os familiares falaram com a gente, ficamos emocionados nos vestiários. Ver o pessoal mesmo de longe passando coisas positivas para a gente dentro de campo.

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